segunda-feira, novembro 08, 2010

Copa do Mundo: África como alerta


Complementando o comentário do autor do texto sobre a Copa do Mundo, o monumental e caríssimo estádio Soccer City, o principal da Copa, praticamente não foi utilizado desde o final da competição. O motivo? Os clubes da região são pobres e o preço do aluguel do estádio é exorbitante. Sendo assim, Johanesburgo construiu um legítimo “elefante branco” com capital do governo e sem retorno para a sociedade. Capital este que o governo poderia (e deveria) ter investido em áreas como educação, saúde e transportes, entre outras. Por mais incrível que possa parecer, o estádio citado ainda passa longe de ser o maior “elefante branco” da Copa na África do Sul: algumas cidades onde estádios foram construídos nem ao menos têm times de futebol. Sim, alguns estádios estão fechados desde o final da Copa.

Alerta para o Brasil?
As obras do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014 estão orçadas em 700 milhões de reais. Se considerarmos que ainda falta muito para a conclusão das obras, e que os custos sempre aumentam, podemos dizer que um dos doze estádios do evento custará quase 1 bilhão de reais (!!!). Valor absurdo que sairá, em boa parte, dos cofres públicos. Ou seja, o seu, o meu, o nosso dinheiro dos impostos que deveria retornar para a sociedade em investimentos do governo construirá um estádio de futebol. Mas tudo estará bem enquanto o povo tiver o Bolsa Família e os estádios de futebol. É a política do “pão e circo” no século XXI...
Para mostrar que não temos memórias curtas, devemos lembrar que o alerta já foi dado, em 2007. Naquele ano, a cidade do Rio de Janeiro sediou os Jogos Pan-americanos, que são muito...que...são... Bem, o Pan não é nada no cenário internacional, principalmente se comparado à Copa do Mundo e aos Jogos Olímpicos. Então, naquela época o Estádio do Maracanã passou por uma mega reforma que, obviamente, custou milhões. Foi construído o Estádio Olímpico João Havelange, ao custo de 500 milhões de reais. “Tudo pronto para a Copa de 2014?” Não. O Engenhão será um mero campo de treinos para as seleções e o Maracanã precisará de outra reforma.
“Ah... Mas para as Olimpíadas tudo já está pronto, não é?” Não! Bilhões de reais ainda serão gastos. “Pelo menos temos o ‘legado do Pan’...” Esse “legado” não passa de vários prédios da Vila Pan-americana afundando, um parque aquático que quase virou criadouro de mosquitos da dengue, um estádio de futebol que foi praticamente doado ao Botafogo e um velódromo que foi usado UMA vez.
“Os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo trarão benefícios inestimáveis para o Brasil” Concordo: o país vai lucrar, os empresários principalmente, já o povo... Para a Copa um estádio de quase um bilhão de reais será construído em Manaus. Quantos times de futebol em Manaus terão condições de jogar lá? Nenhum. Nem a cidade, nem o estado possuem clubes de futebol nas séries A ou B do Campeonato Brasileiro. Na verdade, nunca um clube da Região Norte do país foi campeão nacional.
Já no Rio de Janeiro existe o projeto de demolição do Parque Aquático Julio Delamare e do Estádio de Atletismo Célio de Barros para a construção de um estacionamento. O único problema é que centenas de crianças, algumas de favelas ao redor do Maracanã, têm nesses locais o único meio de praticar atividades físicas e de ocupar o tempo livre. Obviamente (para seres pensantes, e não para políticos), esses meninos e meninas não têm condições de praticarem tais atividades na Barra da Tijuca, mesmo que existam projetos similares nesta região.
Com tanto tempo livre, será que essas crianças não entrarão para a marginalidade? Sem o dinheiro que o governo deveria investir, será que elas terão oportunidades para receberem educação? E se receberem, será que elas conseguirão postos no mercado de trabalho, mesmo morando longe do bairro favorito dos políticos (Barra da Tijuca)? Os grandes eventos internacionais funcionam muito bem nos países desenvolvidos. Será que funcionam aqui também?

Por Victor Teixeira

Copa do Mundo: África do Sul não foi beneficiada


Em artigo na revista australiana Links, os pesquisadores sul-africanos Ashwin Desai e Goolam Vahed concluem que a África em geral e a África do Sul em particular não estão sendo beneficiadas pela Copa do Mundo. Dizem eles, notadamente:
“O marketing da Copa do Mundo como um evento africano fez aumentar a pressão sobre os organizadores para outorgar não apenas miríades de benefícios prometidos aos sul-africanos, mas também cumprir as expectativas dos países africanos. Entretanto, a economia política do futebol torna difícil realizar um evento 'africano'. O 'modelo' de Copa do Mundo da FIFA (...) permite que ela ganhe uma fortuna a partir dos direitos de televisão, publicidade e vendas de produtos licenciados.

"A África do Sul precisa financiar estádios no 'estado da arte', hospedagem de padrão mundial e desenvolvimentos infraestruturais relacionados. Isso foi um desafio para um país assombrado pela crescente desigualdade e por dificuldades fiscais. O coeficiente Gini, que mede a desigualdade da distribuição de riqueza, subiu de 0,62 em 1992 para 0,77 em 2001. Segundo a Pesquisa de 2005/06 sobre Renda e Gastos, os 10% de lares mais ricos na África do Sul receberam mais da metade da renda disponível; os 40 % mais pobres, menos de 7 %; e os 20 % mais pobres, menos de 1,5 %. O cidadão negro médio estava ganhando um oitavo de sua contraparte branca, segundo uma pesquisa do Instituto para Justiça e Reconciliação em janeiro de 2008. A desigualdade subiu de 0,60 em 2006 para 0,62, numa escala de zero a 1, na qual 1 representa a desigualdade absoluta".

A conclusão geral é de que os investimentos na Copa beneficiaram muito mais a Fifa do que a África do Sul e de que o próprio futebol africano não vai sair melhor da Copa do que estava sem a Copa.

Enviado por: Victor Teixeira

sexta-feira, novembro 05, 2010

Tráfico de animais

O comércio ilegal de animais, ou tráfico de animais, é o que mais os leva a entrar em perigo de extinção ou a realmente serem extintos e gera 15 bilhões de euros por ano.
Só para termos uma idéia do quão horrorosa é essa prática, há estudos que descobriram que de cada 10 animais traficados, 9 morrem no processo de captura e transporte, talvez porque para transportá-los fazem uso de métodos cruéis, como fazem com a arara no Brasil, eles cortam as penas, embebedam ou as cegam com cigarro, e costumam deixá-las dias sem comer até chegar no destino.
Um caso famoso de tráfico é o de uma mulher que, em 2005, foi apreendida num aeroporto australiano a chegar de Singapura, ela foi pega com 51 peixes vivos escondidos debaixo de sua saia.


   
Outro é o de um sul-africano vindo de Bangkok que, em 2009, foi pego com 70 animais vivos em sua bagagem, cobras, escorpiões, tartarugas, sapos e até crocodilos, todos filhotes. Após ser pego, o homem ainda repetiu várias vezes “ok, vocês me pegaram, agora posso ir?”, como se traficar 70 animais filhote fosse algo normal.

Quase um mês depois, na Noruega, outro homem, de 22 anos, foi pego com 24 répteis diferentes colados em seu corpo. Entre eles, estavam cobras pítons e dez lagartixas albinas. Nesse caso, ele dizia “e sou simplesmente maluco por répteis”.



Por fim, em maio do ano passado, oficiais americanos suspeitaram de penas que caiam de dentro das calças de Sony Dong, de 46 anos e descobriram 14 pássaros atados as suas pernas, os quais podem ser comprados por R$59,00 no Vietnã e vendidos por mais de R$740,00 no mercado americano.


O tráfico de animais é um crime que na maior parte das vezes sai impune e nas outras, não é punido o bastante. De fato, há organizações e “brigadas anticaça furtiva” para evitar o tráfico, porém, devido aos investimentos e salários baixos, ambas não são muito efetivas.
Assim como o comércio de animais, também há o comércio de partes de animais, que é igualmente cruel. Só como exemplo, podemos ver um caso recente, onde descobriram quatro toneladas de marfim na Nigéria Costa de Marfim e Senegal. Acredita-se que tenham pertencido a 760 elefantes, apesar de não exister mai de 543 nos três países juntos, o que dá a entender que vieram de países vizinhos.
Hoje em dia, o elefante, declarado “engenheiro” da biodiversidade por remodelar e melhorar o habitat para outros animais e ajudar várias espécies, está em perigo de extinção, todas as suas espécies estão, assim como diversos outros animais, resultado da prática desses comércios.

                                                                                    Por Gabriel González.

quinta-feira, novembro 04, 2010

Apartheid

O apartheid foi um regime de segregação racial adotado de 1948 a 1994 pelos sucessivos governos do Partido Nacional na África do Sul, no qual os direitos da grande maioria dos habitantes foram cerceados pelo governo formado pela minoria branca.





"For use by white persons" (em
português: "Para uso de pessoas
brancas") – placa da era do
apartheid.





A segregação racial na África do Sul teve início ainda no período colonial, mas o apartheid foi introduzido como política oficial após as eleições gerais de 1948. A nova legislação dividia os habitantes em grupos raciais ("negros", "brancos", "de cor", e "indianos"), segregando as áreas residenciais, muitas vezes através de remoções forçadas. A partir de 1958, os negros foram privados de sua cidadania, tornando-se legalmente cidadãos de uma das dez pátrias tribais autônomas chamadas de bantusões, quatro das quais se tornariam estados independentes de fato. À essa altura, o governo já havia segregado a saúde, a educação e outros serviços públicos, fornecendo aos negros serviços inferiores aos dos brancos. Também obriga os negros a viver em áreas separadas das zonas residenciais brancas.
Os casamentos mistos e as relações sexuais entre pessoas de raças diferentes tornam-se ilegais.

O apartheid trouxe violência e um significativo movimento de resistência interna, bem como um longo embargo comercial contra a África do Sul. Uma série de revoltas populares e protestos causaram o banimento da oposição e a detenção de líderes anti-apartheid. Conforme a desordem se espalhava e se tornava mais violenta, as organizações estatais respondiam com o aumento da repressão e da violência.

Reformas no regime durante a década de 1980 não conseguiram conter a crescente oposição, e em 1990 o presidente Frederik Willem de Klerk iniciou negociações para acabar com o apartheid, o que culminou com a realização de eleições multirraciais e democráticas em 1994, que foram vencidas pelo Congresso Nacional Africano, sob a liderança de Nelson Mandela. Entretanto, os vestígios do apartheid ainda fazem parte da política e da sociedade sul-africana.

INÍCIO DO APARTHEID

O Partido Reunido Nacional, o principal partido político do nacionalismo africânder, venceu as eleições gerais de 1948 sob a liderança de Daniel François Malan, clérigo da Igreja Reformada Holandesa. Uma das principais promessas de campanha de Malan era aprofundar a legislação de segregação racial. O Partido Reunido Nacional derrotou por pequena margem o Partido Unido de Jan Smuts – que havia apoiado a noção vaga de lenta integração racial – e formou um governo de coalizão com outro partido defensor do nacionalismo africânder, o Partido Afrikaner. Malan instituiu o regime do apartheid, e os dois partidos logo se fundiriam para formar o Partido Nacional.

RESISTÊNCIA AO REGIME DO APARTHEID

As primeiras manifestações contra o apartheid foram organizadas pelo Congresso Nacional Africano, partido político fundado em 1912 para defender os direitos dos negros, assim como por brancos de mentalidade liberal. Na Campanha do Desafio, de 1952, os negros.

deliberadamente infringiram a legislação racista, dando margem a detenções, na expectativa de congestionar as prisões do país. No entanto, apenas 8.500 pessoas foram presas. Em 1960, o então líder do CNA Albert Lutuli recebeu o Prêmio Nobel da Paz como chefe do movimento de resistência pacífica ao regime de apartheid.

Como essa houveram outras revoltas contra o apartheid como o protesto contra as Leis do Livre Trânsito que acabou ocasionando o Massacre de Sharpeville, em que uma multidão de manifestantes negros avançava em direção à delegacia de polícia local, os ânimos se acirraram e a polícia abriu fogo, matando 69 manifestantes e ferindo 180. Todas as vítimas eram negras.

O "massacre de Sharpeville" provoca marchas de protestos em todo o país. Como conseqüência, o CNA é declarado ilegal. Seu líder, Nelson Mandela, é preso em 1962 e depois condenado à prisão perpétua.

MANDELA E O APARTHEID

Nelson Rolihlahla Mandela foi um líder rebelde e, posteriormente, presidente da África do Sul de 1994 a 1999. Principal representante do movimento anti-apartheid, considerado pelo povo um guerreiro em luta pela liberdade, era tido pelo governo sul-africano como um
terrorista e passou quase três décadas na cadeia.

De etnia Xhosa, Mandela nasceu no pequeno vilarejo de Qunu, distrito de Umtata, na região do Transkei. Aos sete anos, Mandela tornou-se o primeiro membro da família a frequentar
a escola, onde lhe foi dado o nome inglês "Nelson". Seu pai morreu logo depois, e Nelson seguiu para uma escola próxima ao palácio do Regente. Seguindo as tradições Xhosa, ele foi iniciado na sociedade aos 16 anos, seguindo para o Instituto Clarkebury, onde estudou cultura ocidental.

Em 1934, Mandela mudou-se para Fort Beaufort, cidade com escolas que recebiam a maior parte da realeza Thembu, e ali tomou interesse no boxe e nas corridas. Após se matricular, ele começou o curso para se tornar bacharel em direito na Universidade de Fort Hare, onde conheceu Oliver Tambo e iniciou uma longa amizade.
Ao final do primeiro ano, Mandela se envolveu com o movimento estudantil, num boicote contra as políticas universitárias, sendo expulso da universidade. Dali foi para Johanesburgo, onde terminou sua graduação na Universidade da África do Sul (UNISA) por correspondência. Continuou seus estudos de direito na Universidade de Witwatersrand.

Como jovem estudante do direito, Mandela se envolveu na oposição ao regime do apartheid, que negava aos negros (maioria da população), mestiços e indianos (uma expressiva colônia de imigrantes) direitos políticos, sociais e econômicos. Uniu-se ao Congresso Nacional Africano em 1942, e dois anos depois fundou com Walter Sisulu e Oliver Tambo, entre outros, a Liga Jovem do CNA.

Depois da eleição de 1948 dar a vitória aos afrikaners (Partido Nacional), que apoiavam a política de segregação racial, Mandela tornou-se mais ativo no CNA, tomando parte do Congresso do Povo (1955) que divulgou a Carta da Liberdade - documento contendo um programa fundamental para a causa anti-apartheid.

Comprometido de início apenas com atos não-violentos, Mandela e seus colegas aceitaram recorrer às armas após o massacre de Sharpeville, em março de 1960.

Em agosto de 1962 Nelson Mandela foi preso após informes da CIA à polícia sul-africana, sendo sentenciado a cinco anos de prisão por viajar ilegalmente ao exterior e incentivar greves. Em 1964 foi condenado a prisão perpétua por sabotagem (o que Mandela admitiu) e por conspirar para ajudar outros países a invadir a África do Sul (o que Mandela nega).

No decorrer dos 27 anos que ficou preso, Mandela se tornou de tal modo associado à oposição ao apartheid que o clamor "Libertem Nelson Mandela" se tornou o lema das campanhas anti-apartheid em vários países.

Durante os anos 1970, ele recusou uma revisão da pena e, em 1985, não aceitou a liberdade condicional em troca de não incentivar a luta armada. Mandela continuou na prisão até fevereiro de 1990, quando a campanha do CNA e a pressão internacional conseguiram que ele fosse libertado em 11 de fevereiro, aos 72 anos, por ordem do presidente Frederik Willem de Klerk.

FIM DO APARTHEID

Em 1987, o Partido Nacional perde votos entre os eleitores brancos, tanto à direita (Partido Conservador, para quem o governo deveria ser mais "duro" contra os negros) quanto à esquerda (Partido Democrático, que queria acelerar as reformas). Mas as mudanças significativas teriam de esperar até a posse de um novo presidente: Frederik de Klerk, que substitui Botha em 1989. Em fevereiro de 1990, Mandela é libertado e o CNA recupera a legalidade.

De Klerk revoga leis racistas e inicia o diálogo com o CNA. Sua política, criticada pela direita, é legitimada por um plebiscito só para brancos, realizado em 1992, em que 69% dos votantes se pronunciam pelo fim do apartheid. Mas entre os negros também há resistência às negociações. O Inkhata, organização zulu, disputa com o CNA a representação política dos negros. O líder zulu, Mangosuthu Buthelezi, acusa Mandela de "traição". A disputa degenera, várias vezes, em sangrentos conflitos.

                                                                                     Por Pamela Miranda

Pobreza na Africa

No decorrer dos últimos anos, a problemática da pobreza no mundo em desenvolvimento tem constituído preocupação crescente dos respectivos governos e da comunidade internacional. As profundas desigualdades na distribuição da riqueza no mundo atingem atualmente proporções verdadeiramente chocantes e o número de pobres não para de crescer, sobretudo nos países africanos.

De acordo com alguns documentos do Banco Mundial as cifras de pessoas em diversos estados de pobreza aumentam cada dia em proporções cada vez mais alarmantes. O Relatório da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) recentemente publicado na Internet, mostra que nos últimos 30 anos o número de pessoas que vivem com menos de 1,00 dólar se duplicou nos países menos desenvolvidos.

Na África, parte da população já tem um consumo diário de apenas 57 centavos de dólares, enquanto um cidadão suíço gasta por dia 61,9 dólares. Nos anos 70 cerca de  56 porcento da população africana vivia  com menos de 1,00 dólar, hoje este valor é de 65 porcento. A pobreza está a aumentar, em vez de diminuir.

As ajudas dos países mais ricos aos mais pobres são uma gota de água no Oceano, cifrando-se 0,22 por cento do seu Produto Interno Bruto (PIB). O mais grave ,todavia os subsídios que atribuem às suas empresas para exportarem e as barreiras comerciais que levam aos produtos oriundos dos países mais pobres. O desequilíbrio de meios sufoca completamente as economias mais pobres.

O continente africano parece estar mergulhado no abismo devido as prolongadas secas e cheias, mas também por guerras civis (entre 30 e 40 no final do século XX), Terminados os conflitos o terror não termina nas zonas rurais, onde a presença de minas e de munições não explodidas constitui uma ameaça permanente à reconstrução das comunidades rurais.

Assim, na Etiópia, Eritreia, Somália, Sudão, Quénia, Uganda e outros países, a fome mata nestes países milhões de africanos, já deixou de ser notícia na imprensa internacional. 

Na Zâmbia, cerca de quatro milhões de pessoas (numa população de dez milhões) foi afetada pela seca o que destruiu, este ano, parte das suas colheitas. A situação está a se tornar  rapidamente catastrófica.

Na África austral, existem aproximadamente 10 milhões de mulheres, homens e crianças a conhecer formas extremas do flagelo da fome. Malawi, Zimbabué, Lesoto e a Suazilândia são alguns dos países mais afetados. Malawi, enfrenta seca e a pior fome nos últimos 50 anos. Segundo o governo, 70% da população de 11 milhões passa fome.

Em termos gerais, as perspectivas de desenvolvimento para este continente são pouco animadoras. Na África sub – Sahariana, o número de pobres pode aumentar de 315 milhões em 1999 para 404 milhões em 2015, afectando perto de metade da população da região


                                                                                                                                                           Por Lucas Viveiros

quarta-feira, novembro 03, 2010

Comidas Típicas do Continente Africano


O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baía, o azeite de dendê, confirmou a excelência da pimenta malagueta sobre a do reino, deu ao Brasil o feijão preto, o quiabo, ensinou a fazer vatapá, caruru, mungunzá, acarajé, angu e pamonha.
A cozinha negra, pequena, mas forte, que fez valer os seus temperos, os verdes, a sua maneira de cozinhar. Modificou os pratos portugueses, substituindo ingredientes; fez a mesma coisa com os pratos da terra; e finalmente criou a cozinha brasileira, descobrindo o chuchu com camarão, ensinando a fazer pratos com camarão seco e a usar as panelas de barro e a colher de pau.
Da guiné vieram, principalmente, fulas e mandingas, islamitas e gente de bem comer. Os fulas eram de cor opaca, o que resultou no termo “negro fulo” (entrando depois na língua a expressão “fulo de raiva”, para indicar a palidez até do branco). Os mandingas também entraram na língua como novo sinônimo para encantamentos e artes mágicas. Mas os iorubanos ou nagôs, os jejes, os tapas e os haussás, todos sudaneses islamitas e da costa oeste também, fizeram mais pela nossa cozinha porque eram mais aceitos como domésticos do que a gente do sul, o povo de Angola, a maioria de língua banto, ou do que os negros cambindas do Congo, ou os minas, ou os do Moçambique, gente mais forte, mais submissa e mais aproveitada para o serviço pesado.
O africano contribuiu com a difusão do inhame, da cana de açúcar e do dendezeiro, do qual se faz o azeite-de-dendê. O leite de coco, de origem polinésia, foi trazido pelos negros, assim como a pimenta malagueta e a galinha de Angola.

Abará 

Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de feijão-fradinho temperada com pimenta, sal, cebola e azeite-de-dendê, algumas vezes com camarão seco, inteiro ou moído e misturado à massa, que é embrulhada em folha de bananeira e cozida em água. (No candomblé, é comida-de-santo, oferecida a Iansã, Obá e Ibeji).



Aberém

Bolinho de origem afro-brasileira, feito de milho ou de arroz moído na pedra, macerado em água, salgado e cozido em folhas de bananeira secas. (No candomblé, é comida-de-santo, oferecida a Omulu e Oxumaré).

Abrazô

Bolinho da culinária afro-brasileira, feito de farinha de milho ou de mandioca, apimentado, frito em azeite-de-dendê.

Acaçá
Bolinho da culinária afro-brasileira, feito de milho macerado em água fria e depois moído, cozido e envolvido, ainda morno, em folhas verdes de bananeira. (Acompanha o vatapá ou caruru. Preparado com leite de coco e açúcar, é chamada acaçá de leite.) [No candomblé, é comida-de-santo, oferecida a Oxalá, Nanã, Ibeji, Iêmanja e Exu.]

Ado
Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moído, misturado com azeite-de-dendê e mel. (No candomblé, é comida-de-santo, oferecida a Oxum).

Aluá
Bebida refrigerante feita de milho, de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com açúcar ou rapadura, usada tradicionalmente como oferenda aos orixás nas festas populares de origem africana.

Quibebe

Prato típico do Nordeste, de origem africana, feito de carne-de-sol ou com charque, refogado e cozido com abóbora.
Tem a consistência de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendê e cheiro verde.







Por Pedro Machado

Grupo Afro Reggae - Uma herança cultural

O grupo Afrô Reggae foi ao Colégio Pedro II em outubro de 2010. Além de querer saber mais um pouco de sua História, identificamos os valores africanos presentes em suas músicas.
Fundado em 21 de janeiro de 1993, o Grupo Cultural AfroReggae foi criado para transformar a realidade de jovens moradores de favelas utilizando a educação, a arte e a cultura como instrumentos de inserção social. O embrião do projeto foi o jornal AfroReggae Notícias, cuja primeira edição circulou em agosto de 1992. O informativo – distribuído gratuitamente e sem anunciantes – logo se tornou um canal aberto para o debate de ideias e de problemas que afetam a vida de negros e pobres.
Em 29 de agosto daquele mesmo ano ocorreu a Chacina de Vigário Geral, na qual 21 moradores inocentes foram assassinados. Um mês depois, os produtores do AfroReggae Notícias chegaram à favela de Vigário Geral oferecendo oficinas de percussão, capoeira, reciclagem de lixo e dança afro para os moradores dali.
Desde então, o Grupo Cultural AfroReggae investe no potencial de jovens favelados, levando educação, cultura e arte a territórios marcados pela violência policial e pelo narcotráfico. Ao longo de seus 17 anos (que serão completados no dia 21 de janeiro de 2010), o AfroReggae vem utilizando atividades artísticas, como percussão, circo, grafite, teatro e dança para tentar diminuir os abismos que separam negros e brancos, ricos e pobres, a favela e o asfalto, a fim de criar pontes de união entre os diferentes segmentos da sociedade.





O Samba nasceu no morro.
O Funk nasceu no morro.
Qual é o problema do Pedro ter nascido no morro?
 




ENTREVISTA AO GRUPO AFRO REGGAE

Entrevista Afro Reggae (nenhuma palavra foi modificada do que o entrevistado falou).
Felipe: Qual a importância do grupo em suas vidas?
A.R:  A importância do Afro Reggae especialmente na minha vida,é que ele fez mudar totalmente da vida que eu levava antes. O Afro Reggae me fez ser auto sustentável. Fez com que eu fosse um homem de verdade,com que eu fosse responsável.Não é só estar no palco,não é só de ter o nome Afro Reggae. Acho que a importância também é desde o momento em que faz as pessoas se sentirem melhor,satisfeitas e felizes.

Felipe: As músicas de vocês são tipicamente africanas,não são?
A.R.: Na verdade,nossas músicas eu posso dizer que são afro brasileiras,e a gente também não deixa de ter nossas origens africanas,entendeu?  Na verdade,o povo brasileiro hoje também tem um pouco da África quando se fala de música. Acho que assim,o Afro Reggae tem um pouco de música africana sim.

Felipe: Vocês buscam algum tipo de influência africana,brasileira? Quais ?
A.R: Na verdade,temos diversas influências afro brasileiras. Temos o samba-reggae,o samba,entendeu? A gente pega essas influências e transforma. A gente costuma dizer que temos uma identidade própria, pois a gente não pega aquela música como referência e transforma em outra.

Felipe: Eu gostaria que você comentasse a importância da cultura africana na nossa cultura.
A.R: (risos).Eu posso dizer que somos o que somos hoje porque a África que deu o pontapé inicial nessa história. Quando a gente fala de música africana,chega a arrepiar. A gente aprendeu muito com a música africana e sua história. Posso dizer que é uma coisa forte. Posso dizer que sem a cultura africana, não seríamos o que a gente é hoje. O Olodum não seria,o Afro Reggae não seria. A África é Brasil também.



Por Felipe da Silva, Luiza Gibson e Mara Freire